Pergunta ao acaso: se Dilma vence, quem irá dedicar-se ao alpinismo e quem não?
A nota, assinada pela presidente Marilda Pansonato Pinheiro, diz que “enquanto a população paulista cresce, o número de profissionais da categoria se mantém o mesmo. Além disso, estima-se que 31% das cidades do estado não têm delegados”.
Para responder às críticas da candidata Marina Silva, do Partido Verde (PV), o Governo do Estado de São Paulo publicou, na última quarta-feira (4/8), nota oficial, expondo números e dados acerca da segurança pública do estado e dos salários dos membros da polícia paulista. A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp) repudia a declaração do Secretário de Comunicação do Governo de São Paulo, Eduardo Pugnali, e lembra que os números publicados pelo secretário não condizem com a realidade dos Delegados de Polícia em SP.
Sobre o salário médio dos delegados de Polícia Civil em São Paulo, divulgado com o valor de R$ 8 mil, a Adpesp ressalta que um delegado de 1ª classe recebe menos de R$ 7 mil, contando todos os benefícios e adicionais. Já um delegado de 4ª classe, no início de carreira, recebe menos de R$ 4 mil, com todos os adicionais. Os números indicam a pior remuneração do país, ainda que São Paulo seja o estado mais rico da nação (conforme tabela de remuneração média dos estados brasileiros divulgada no site da Associação).
Os maiores salários dos delegados de polícia de São Paulo não atingem o mínimo do esperado, e muito menos chegam ao número divulgado pelo governo estadual.
Atualmente, São Paulo conta com pouco mais de três mil delegados de polícia, número pífio, comparado aos 42 milhões de habitantes do estado. Enquanto a população paulista cresce, o número de profissionais da categoria se mantém o mesmo. Além disso, estima-se que 31% das cidades do estado não têm delegados.
Recentemente, a Adpesp iniciou a segunda fase de uma campanha publicitária que visa denunciar essa situação. A iniciativa da Associação, que é apartidária e apenas defende os interesses da classe, foi processada pelo PSDB, que alegou se tratar de “campanha eleitoral negativa”. A Justiça reprovou a alegação do partido, e a Adpesp segue mostrando o caos que vive a Segurança Pública. Ela também espera que o projeto de Reestruturação das Carreiras, parado por uma mais de uma década sem solução, seja aprovado, pois ele trará melhoria efetiva para a classe.
Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da Adpesp”
Com seu humor habitual o jornal Hora do Povo satiriza a debandada nas fileiras da candidatura de José Serra à presidência da República. “Ninguém que aparecer ao lado do morto. Campanhas do PSDB e do DEM tiram nome de Serra em 12 Estados”, destaca a HP. Nos últimos dias, a Folha de São Paulo vem publicando matérias sobre a resistência dos aliados de Serra em usar o nome e a imagem do candidato tucano em seus materiais de campanhas nos Estados. De Norte e Sul do país, marqueteiros das mais diferentes matizes dão um mesmo um conselho: associar o nome a Serra pode custar muitos votos. Mesmo lideranças xiitas da oposição, como Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino Maia (DEM-RN) estão distribuindo material de campanha sem mencionar a candidatura Serra.
Mesmo em Estados onde o PSDB governa, como é o caso do Rio Grande do Sul, a solidão tem sido companheira de Serra. O candidato tucano esteve em Porto Alegre no dia 23 de julho, quando participou de uma caminhada pelo centro da cidade. Não contou com a companhia da governadora Yeda Crusius (PSDB), que alegou problemas de agenda para não participar do ato. Neste caso, fica difícil dizer quem evitou quem uma vez que a popularidade de Yeda Crusius não é das maiores em função da sucessão de denúncias e escândalos de corrupção em seu governo. Se nomes como Arthur Virgílio, José Agripino Maia e Yeda Crusius não querem aparecer ao lado de Serra, quem o fará? O problema adquire contornos dramáticos na campanha tucana no momento em que as pesquisas começam a convergir apontando para a estagnação da candidatura tucana e para o crescimento contínuo da candidatura de Dilma Rousseff (PT).
“Pesquisa das pesquisas” aponta tendência de alta de Dilma
Mas tudo isso é conseqüência. Os verdadeiros problemas da candidatura Serra, conforme já admitem seus próprios aliados, é de natureza política. Com um discurso errático que, ora procura pegar carona nas realizações do governo Lula, ora situa-se no terreno da extrema-direita, a campanha de Serra oscila de um lado para o outro. Num dia o candidato diz vai duplicar os benefícios do Bolsa Família, noutro critica a política de gastos do governo Lula, noutro ataca o Mercosul, a Bolívia e procura vincular a candidata do PT à guerrilha colombiana. Nesta terça-feira, Raimundo Costa, repórter especial de Política do jornal Valor Econômico, observa em sua coluna:
“O candidato insiste em cometer erros “testados” em outras campanhas dele mesmo. Este é o caso do discurso de Serra sobre a Bolívia, o Irã e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – as Farcs, um problema que já se apresentara à campanha presidencial de 2002, que Serra perdeu para Lula. Todas as pesquisas feitas à época mostraram que eram assuntos distante das pessoas e do interesse só dos eleitores já convertidos à causa tucana”.
Costa escreve ainda que deu tudo errado na coreografia de campanha ensaiada por Serra e que a prioridade do PSDB agora é evitar que Dilma ganhe a eleição já no primeiro turno:
Pelos cálculos do PSDB, o tucano chegaria ao horário eleitoral gratuito à frente da candidata do PT, Dilma Rousseff. Três dos quatro institutos de pesquisa mais conhecidos já apontam a petista à frente – o Datafolha registra empate técnico, mas também a melhoria de Dilma e a queda de Serra em todas as demais variáveis, do voto feminino à rejeição do eleitor. Na prática, o tucano entra no período de propaganda de rádio e televisão com uma preocupação mais imediata: manter o que tem e evitar que Dilma liquide as eleições já no primeiro turno.
Primeiro debate e novas pesquisas
Percepção de melhoria da economia beneficia Dilma
Essa percepção, afirma a mesma matéria, ajudaria a explicar o fato de Serra ter seu melhor desempenho no Sul do país. Nesta região, a percepção de melhora das condições de vida atinge 58% do eleitorado, contra 75% no Nordeste. “Dada as diferenças de perfil econômico, Nordeste e Sul sofreram impactos distintos de políticas públicas do governo, como a valorização do salário mínimo e a ampliação de programas sociais”, conclui a matéria.
Marco Aurélio Weissheimer Análise publicada no site da Carta Maior()
Pessoal nestes links abaixo estão realizando ENQUETES sobre o desempenho dos candidatos que participaram do debates presidenciaveis ontem, quinta-feira, dia 05/08/2010 na TV Bandeirante.
Conclamos a todos que acessem e realizem seu voto na candidata que o povo brasileiro já escolheu para dar continuidade ao programa LULA para o Brasil continuar avançando.
” SÓ DILMA É A VONTADE DO POVO BRASILEIRO”
Por um Brasil melhor para todos,
Carlos Honorato
ACESSE AGORA E VOTE:
01 – http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2010/08/06/quem-se-saiu-melhor-no-debate-da-bandeirantes/
02 – http://polls.folha.com.br/poll/1021711/results
03 – http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/enquete+quem+se+saiu+melhor+no+debate/n1237740833108.html
06/08/2010
Protocolo 22734/2010
Contratada DATAFOLHA INSTITUTO DE PESQUISAS LTDA
Contratante Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A.
Valor da Pesquisa 194000
Origem dos Recursos Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A.
Pagante do Trabalho Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A.
Período de Realização de 09/08/2010 a 12/08/2010
Nr. de entrevistados 10770
Situação Aguardando decurso de prazo
Área de abrangência Nacional
Cargos Presidente
Fonte TSE
“Quando começar o programa de TV, tudo o que Aécio fez no governo, combinado com a apresentação de Anastasia como o nome da continuidade, a gente acredita no crescimento dele ainda no mês de agosto”, disse à Reuters o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), um dos coordenadores da campanha do presidenciável José Serra (PSDB) no Estado e político muito próximo a Aécio Neves, candidato ao Senado.
Alguns observadores do partido fora de Minas comentam que a recente pesquisa acendeu uma “luz amarela” e deve tirar os tucanos de uma espécie de zona de conforto. A cúpula mineira no Estado achava que a briga seria mais fácil, ponderam essas análises.
“Parece que Aécio, agora, acordou”, disse o cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília. “Ele se deu o luxo de tirar férias e passear na Europa por três semanas para fugir do assédio do Serra e outros tucanos. Se ele tivesse aplicado tanto esforço para colar no Anastasia, e fizesse como Lula fez com Dilma, provavelmente teria chegado a 30 por cento.”
SEGUNDO TURNO
Minas sintetiza, em muitos aspectos, o cenário nacional. Além do fato de dois políticos populares tentarem implacar candidatos desconhecidos à sucessão, a disputa no Estado é protagonizada pelo núcleo das mesmas forças que na corrida presidencial. De um lado, o PSDB. Do outro, PT e PMDB.
Ambos os governos sustentam altos percentuais de popularidade, o que torna forte a tese da continuidade. Assim como no embate nacional, a tendência é de segundo turno nos dois territórios.
Apesar do momento atual, alguns números são favoráveis ao governador. No questionário espontâneo –que nesta etapa já apontam votos mais consolidados– os dois concorrentes estão próximos (16 por cento para Helio e 13 por cento para o tucano). Nesse corte, o número de indecisos chega a 60 por cento.
Nas contas do Ibope sobre a lista estimulada, a soma dos números de Anastasia com candidatos restantes (3 por cento) e o número de indecisos (25 por cento) apontam uma definição só após 3 de outubro.
“A nossa expectativa é ganhar no primeiro turno. O movimento de consolidação da imagem dele com Aécio está ocorrendo. De outubro pra cá, ele estava com 2 por cento. Aécio não fez com Anastasia o que Lula fez com a Dilma; não houve transgressão de lei aqui e, em Minas, você não tem uma mídia de TV como tem o Lula todo o dia fazendo campanha para a candidata dele”, completou Rodrigo de Castro.
Para a cúpula do partido, Anastasia não pode perder em Minas, sob o risco de Aécio ter sua liderança questionada. Essa eventual derrota ganharia contornos ainda mais sérios se José Serra não vencer pleito federal.
“Se Serra perder, Aécio vira nossa única reserva para 2014. Nesse cenário, a derrota de Anastasia seria muito ruim para a oposição (nacional), pois enfraqueceria o próprio PSDB”, disse um integrante do partido sob compromisso do anonimato.
Muitos acreditam que Aécio será cobrado também caso José Serra seja vencido nas urnas, mas essa fatura não chegaria a inviabilizá-lo na sucessão de 2014.
Este é o nosso páis ,
Esta é a NOSSA bandeira
É por amor a esta pátria Brasil que a gente segue…….
Bjao Ir., amiga, companheira.
*por FERNANDO RIZZOLO
Numa sociedade em que os moldes de ensino sempre vieram formatados, prontos para serem seguidos, pouco espaço foi reservado ao valor do desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, quer nas escolas públicas, quer nas escolas particulares, no nosso país. O padrão pedagógico repressor sempre foi um segmento de continuidade de uma formação rígida que tem origem e fundamento nos conceitos cristãos de educação.
Foi com base nessa opinião e a preocupação em desenvolver a sensibilidade no ensino que o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner (1861-1925) criou uma linha de pensamento que enxerga o homem além do material. Trata-se da Antroposofia, que prega o conhecimento do ser humano aliando fé e ciência. Sua pedagogia é um reflexo dessa forma de pensar, que sobrevive há um século. Na educação infantil, Steiner via a importância de estimular a imaginação das crianças e dizia que não se deviam oferecer brinquedos industrializados a elas, que já vêm prontos, pois a ideia era construir no imaginário infantil a progressão dos conceitos de educação, de acordo com a compreensão da criança.
Ainda lembro quando, certa vez, uma professora repreendeu um coleguinha do primário, num colégio estadual no qual eu estudava, apenas pelo fato de ele estar na aula de português escrevendo num diário como havia sido seu final de semana na praia. Aquela atitude, na realidade, agrediu a imaginação daquele pequeno aluno de 7 anos, que se viu humilhado durante a aula em função de um ato literário, criativo, da maior relevância.
Os mecanismos de sublimação da imaginação e da criatividade devem ser rechaçados, dando lugar aos estímulos que propiciam a construção de mentes criativas ligadas à arte, às reflexões sociais, às soluções de problemas contemporâneos que constroem o exercício da compreensão da diversidade e do multiculturalismo. Educar nos moldes atuais significa oferecer instrumentos que despertem o vivenciar criativo em bases sólidas, aportando conceitos suplementares e experimentais, enriquecendo o aprendizado e estimulando os alunos a fazerem uso da criatividade para resolver problemas pessoais e até mesmo interpessoais no decorrer da vida.
Talvez meu colega de primário, se estimulado, pudesse se tornar um escritor, um jornalista, assim como tantos outros anônimos que cantam no centro cidade, artistas que saltam nas praças públicas, crianças nos faróis com seus malabares poderiam, enfim, sentir-se realizados e recompensados, empregados, se tivéssemos criado uma formação educacional cultural em que a arte e a criatividade fossem a mola propulsora do ensino – um ensino baseado no enlace entre a formação tradicional e o despertar da arte e da sensibilidade, com um novo olhar do educador ao prestigiar as manifestações criativas dos alunos ou, quem sabe, destes aplaudindo a leitura, feita pelo professor, das partes do diário de um menino criativo, pouco interessado numa aula de português.
Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo –
Desde muito tempo, o Brasil discute a reforma agrária. Já houve documentos interessantes tratando da matéria, inclusive, produzido durante o Regime de Exceção. O problema quase sempre, não é a lei, mas a efetividade da lei.
O desconhecimento das razões e dos objetivos do MST, permitem vincular indevidamente o movimento à causas estranhas, outras vezes, maldosamente procura-se desarticular e desmoralizar atribuindo fatos e condutas.A questão do significado do MST é muito simples. Imagine-se um cenário sem o MST, será que teriam havidos tantos assentamentos?
Como organização o objetivo é sensibilizar a sociedade, as autoridades e pressionar os governos para a desapropriação e os assentamentos tão necessários aqueles que sabem trabalhar a terra.São 15 anos de luta. Enxadas e facões tão necessários a atividade rural já foram apresentados como armas. Nesses 15 anos, quantos mártires da causa? Quantos ainda precisam para que o homem que sabe plantar e colher tenha acesso a terra?Não sou membro do MST. Sou filha de pais que arrendavam terras, eram meeiros e depois do dia de trabalho, cansados, sonhavam com a sua propriedade. Cresci, formei minha família e esse sonho não se realizou. Hoje, vejo em cada brasileiro(a) que luta pela terra traços de meu pai, de minha mãe. Meu instrumento de trabalho agora é outro, mas nem por isso, renego minhas origens, nem posso deixar de sonhar com uma sociedade mais justa e capaz de dar o acesso à terra, para que se melhore a vida de milhões de brasileiros.
Há que ser solidário com a causa do MST e juntar as mãos para aplaudir o desprendimento de tantos que deram a vida, para que o sonho pudesse continuar. 15 anos. Tantas histórias escritas, algumas vezes, com o vital líquido vermelho que serpenteando o solo que de tanto amaram, foram capazes de dar suas vidas
por Hilda Suzana Veiga Settineri
Ao ver o texto da GUERRILHEIRA, postado no , lembrei de um momento inesquecível ao qual tive a honra de participar ainda na primeira campanha de LULA à presidência da república.
Corria o ano de 1989 e fomos a Encruzilhada Natalino para comemorações dos 10 anos do Movimento que iria se denominar MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST, que do Rio Grande do Sul se espalharia Brasil afora.
Foi lindo. Com a presença de LULA e de seu então candidato a vice, Paulo Bisol, vimos a inauguração de maravilhosa escultura feita em ferro. Pena que o fotógrafo da época – este que vos digita o texto – não seja um profissional e sua máquina era daquelas descartáveis – longe estávamos das digitais, mesmo assim tenho estas duas fotos que mostram a disposição de luta dos militantes e, ao fundo, as estátuas:
Aproveitamos para convidar a tod@s para evento amanhã iniciando as comemorações dos 15 anos do MST no MT!
O TSE entendeu que Veja extrapolou o limite da informação na matéria “Índio acertou o alvo”, que repercutiu fala do candidato a vice-presidente do PSDB, o deputado federal Índio da Costa, que relacionou o PT a atividades ilícitas e organizações criminosas.
Os ministros rejeitaram os argumentos da revista e reafirmaram que o texto da reposta é proporcional ao agravo, ou seja, ao conteúdo da matéria publicada pela Veja.
Escolhido como porta-voz do grupo por ter um discurso mais moderado e menos conservador, o estudante Willian Godoy Navarro, 22 anos, conversou com Terra Magazine. Nitidamente preocupado em dosar as palavras, ele falou sobre as pretensões do movimento, que tem entre os principais objetivos discutir a questão da migração e a suposta subvalorização da cultura paulista, preterida, segundo o universitário, em função do espaço que culturas “estrangeiras” conquistaram em São Paulo.
-Existe uma representatividade muito forte, na Assembleia Legislativa, de deputados de origem nordestina, que trabalham para o povo paulista. E eles aprovam e trabalham em projetos de lei que valorizam a cultura de lá. Isso não é errado. O que ocorre é que existe uma supervalorização dessa cultura e nenhuma da paulista. Muitas vezes, o aluno passa pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Médio e nunca estudou, não sabe qual é a história de São Paulo, o que são os bandeirantes. E agora o cara quer inserir isso como uma disciplina, “culturas do Nordeste”. Aqui não é o Nordeste. Ele deve fazer isso no Nordeste – afirma, garantindo que a preocupação do grupo não se dirige, especificamente, aos migrantes dessa região do país.
O universitário conta que a sondagem na internet foi apenas uma etapa inicial. O plano agora é criar o Movimento Juventude Paulistana, uma organização com “personalidade jurídica”, que, a exemplo dos ativistas ambientais do Greenpeace, pretende buscar visibilidade por meio de atos públicos.
-A gente vai fazer alguma coisa na Ponte Estaiada. Uma faixa, uma mobilização que chame a atenção dos principais veículos de comunicação de São Paulo – adianta, sem, no entanto, revelar detalhes.
Confira a entrevista
Terra Magazine- Como surgiu a ideia do manifesto?
Willian Godoy Navarro – A ideia do manifesto surgiu por conta de algumas leis que ainda estão em discussão na Câmara, na Assembleia Legislativa, que defendem a aplicação de uma disciplina nas escolas públicas em relação à cultura nordestina. Isso desencadeou o movimento, porque não existe uma promoção da cultura paulista. Os alunos saem do Ensino Médio e não sabem o que foi a Revolução Constititucionalista de 1932.
Então, a Fabiana (uma das integrantes) criou a petição, jogou na internet e conseguiu a adesão. Foi formado um grupo. Dezenas jovens apoiam e se mobilizam na internet para divulgar. Foram se conhecendo pela internet. A petição está há poucos meses no ar e já tem mais de 600 assinaturas.
O que vocês pretendem exatamente?
A gente quer levantar a discussão. Não apoio a petição. Há uma discussão interna. Acredito que a petição é ousada demais, muito radical. A gente não pode fazer uma petição como se São Paulo fosse um Estado independente.
A petição dá a ideia de que há uma intenção separatista. Não há um consenso no grupo?
Existe um movimento separatista, que é o MRSP, Movimento República de São Paulo, mas a gente não faz parte. A gente apoia o MRSP, mas não apoia a ideia de separar São Paulo do Brasil. Na passeata de 9 de julho, conversamos com eles. É um movimento organizado. São centenas de jovens em todo o Estado. Tem sede em Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, Santos, São José dos Campos e na cidade de São Paulo. Geralmente, são de famílias italianas. Também são grupos de universitários.
Mas o que vocês objetivam com esse manifesto?
Criar uma influência. Agregar outros jovens que tenham o mesmo interesse em discutir os temas de sua cidade. A gente está trabalhando agora de forma diferente. Vamos criar um grupo de jovens, o Movimento Juventude Paulistana. A migração deve ser discutida e deve ser criticada, mas uma crítica construtiva.
No manifesto, há um trecho que fala em “migração predatória”. Você concorda com o termo?
Não concordo. O que acontece é que não houve uma política migratória, nada que pudesse planejar isso. O que houve? São Paulo cresceu desde a década de 1970 pra cá, graças à migração. Isso é fato. São Paulo hoje é uma potência com a força de trabalho que os migrantes trouxeram para o estado. O que acontece é que, hoje, a cidade não consegue mais absorver essa migração que ainda continua. Não há nenhum tipo de política pública para administrar isso. As pessoas têm o direito de ir e vir, mas tem que haver uma política que pudesse trabalhar com elas.
Vocês são a favor de iniciativas que estimulam o retorno de migrantes ao local de origem?
Imagina só: um migrante que tinha um trabalho na área agrária, rural. Ele vem para uma cidade, sem qualificação, sem estudo, sem preparo. Ele não tem base para se manter nessa cidade. Se ele sempre trabalhou no meio rural, o que vai fazer na cidade? Ninguém pensou nisso.
Então você apoia essas iniciativas?
Sim, é uma questão humanitária. Para você ter uma ideia, tem uma pesquisa que diz que 84% dos moradores de rua que vivem no Centro de São Paulo são migrantes. É aquela mesma história. Vêm para São Paulo, não são absorvidos, não têm amparo público e acabam vagando pela cidade. O custo de vida em São Paulo é alto. Acredito que seja um dos mais altos do pais. Já é difícil para um paulistano, que constrói uma carreira, comprar, financiar um apartamento ou uma casa, imagina para o migrante que consegue ganhar um salário mínimo por mês e tem uma família para sustentar?
Lendo o manifesto, notei que o movimento tem uma particular preocupação com os nordestinos…
Não existe essa preocupação particular. Mineiros, nordestinos, mato-grossenses, paulistas que vieram do interior para a capital. Todos.
Mas, inicialmente, você comentou que a petição foi desencadeada pelos projetos de lei que defendem o ensino da cultura nordestina nas escolas.
O que desencadeou foi exatamente isso. Existe uma representatividade muito forte, na Assembleia Legislativa, de deputados de origem nordestina, que trabalham para o povo paulista. E eles aprovam e trabalham em projetos de lei que valorizam a cultura de lá. Isso não é errado. O que ocorre é que existe uma supervalorização dessa cultura e nenhuma da paulista. Muitas vezes, o aluno passa pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Médio e nunca estudou, não sabe qual é a história de São Paulo, o que são os bandeirantes. E agora o cara quer inserir isso como uma disciplina, “culturas do Nordeste”. Aqui não é o Nordeste. Ele deve fazer isso no Nordeste.
É por isso que vocês falam no manifesto: “O paulista olha ao seu redor e se vê um estrangeiro em sua própria terra”? r />A Fabiana foi muito ousada, colocou palavras bastante fortes nesse manifesto. Por isso que vamos mudá-lo. E a gente não vai mais fazer isso pelo meio virtual. A gente vai utilizar essa influência que conseguimos para fazer algo oficial mesmo. Uma organização que vai ter uma personalidade jurídica. Vai ser algo com uma representatividade mais concreta.
Nesse primeiro momento, o manifesto virtual serviu para saber se haveria aceitação?
Foi um estudo para a gente sentir como seria a aceitação. Falar da migração sempre é um tabu. Sempre alguém vai se sentir prejudicado. A gente estava discutindo ontem para falar com você hoje. A gente não pode falar da migração. São Paulo foi construído por imigrantes e migrantes. O que tem que acontecer é uma administração, um controle.
Como assim “um controle”?
Não existe controle. Não controle. Controle é uma palavra muito forte. Mas nenhuma política que pudesse organizar a migração. Não só de nordestinos, mas de todos que vêm para São Paulo ou para outra cidade. A gente tem quase um milhão de pessoas na cidade de São Paulo que não conseguem emprego, que moram em favelas ou em áreas com más condições de moradia. A gente não tem estrutura para absorver a migração. Essa mão-de-obra, essa força de trabalho que continua vindo para São Paulo poderia desenvolver outras áreas do país. A gente se preocupa com o futuro da cidade.
Vocês do movimento consideram que a migração provoca sobrecarga no sistema de saúde e impactos nos índices de violência?
Seria hipócrita se dissesse que não. A maior parte das pessoas que utiliza o SUS na cidade de São Paulo são migrantes. Agora, não que esse seria o problema. Em relação à violência, é também bastante contestado. O cara vem, mora na periferia, não tem emprego, não tem nenhuma base. Vai trabalhar no mercado informal ou arranjar outro meio. Mas as vezes há outras situações que fazem com que parta a criminalidade.
Vocês falam de xenofobia no manifesto. “Se um migrante adentra em uma região, e desrespeita seus costumes, não respeita a diversidade. Pretender modificá-los, moldá-los a si, impôr os próprios, forçar os anfitriões a aceitar a descaracterização, são atos de ‘Xenofobia’”. Quero que você comente esse trecho do manifesto.
Quem escreveu foi a Fabiana, mas acredito, que ela quis dizer que está sendo forçada a inclusão de uma cultura diferente. Não sei se você vai concordar comigo, mas tem uma característica bem peculiar. É muito diferente da cultura paulista, como a cultura paulista é diferente da cultura carioca. Quando existe qualquer ato de promoção da cultura dos paulistas é visto como preconceito.
O que seria um ato de promoção da cultura paulista, por exemplo?
Por exemplo, existem mais pessoas que vão para a semana cultural nordestina, na Zona Norte, no Cambuci, onde há um centro de cultura nordestina, do que as que foram à passeata em 9 de julho, que é um marco para o Estado.
Então, na sua opinião há uma subvalorização da cultura de São Paulo?
Isso mesmo. Quem é o responsável? O governo e a prefeitura que incentivam isso. O problema é o seguinte: a maior parte do eleitorado que promove eles (políticos) são migrantes.
Especificamente, nordestino?
Sim, basicamente sim.
E, na visão de vocês, eles acabam elegendo representantes de origem nordestina…
Entendeu nosso ponto? O pessoal fala muito de outras culturas, mas qual é a cultura daqui? Ninguém fala.
No manifesto, vocês dizem que São Paulo cresceu sem receber dádivas do Brasil.
Certo.
Vocês dizem: “São Paulo não deve nada ao Brasil, portanto, o usufruto desse trabalho deve ser para o povo paulista”.
Por exemplo, São Paulo é o estado que mais arrecada impostos, que mais produz. A gente não recebe nem um terço do que produz. Esse déficit orçamentário no Estado não permite que o governo trabalhe na habitação, na infra-estrutura, no saneamento, na educação e na saúde. A gente é prejudicado. O dinheiro dos impostos, das industrias e do povo de São Paulo é revertido para outros Estados, ao invés de ser aplicado novamente aqui.
Recife, Salvador recebem mais investimentos do Governo Federal do que arrecadam. A capital do Piauí, Teresina, é um exemplo disso. Isso é um absurdo, sendo que a gente tem problemas de transporte público em São Paulo. O transporte público aqui é terrível. Muitos falam que a migração foi responsável pelo avanço, mas São Paulo sempre foi rica. Sempre foi desenvolvida. E foi com a força do trabalho dos migrantes também. Mas não só dos migrantes, mas de todos os paulistas.
No manifesto, vocês dizem que os “migrantes não construíram São Paulo por serem alocados na construção civil. Seja desmentida tal falácia”. Você acha que isso é realmente uma falácia?
Essa parte do manifesto não li, mas o entendimento é o seguinte: quem constrói São Paulo não são os pedreiros. São os empresários, os investimentos aplicados na cidade, feitos por paulistas. Falar que outras pessoas construíram a cidade é absurdo. Eles trabalharam, usaram sua força de trabalho. Não significa que construíram São Paulo. Esse prédio que você trabalha, por exemplo, não foi construído por migrantes…por pedreiros. Foi construído pela empresa que investiu, que financiou o projeto. Entendeu o ponto de vista do manifesto? As pessoas dizem: “Ah, os migrantes construíram São Paulo”. Construíram com sua força de trabalho, mas se não fossem os investimentos e o dinheiro que gira na cidade, não teriam construído nada.
Vocês têm noção do teor polêmico da causa que defendem?
É muito polêmico. É o que falei para a Fabiana. “Não se pode falar da migração. No Brasil, não se pode falar, porque todos são”. Parte do manifesto não apoio. A gente vai estudar uma nova forma de aplicar um manifesto cabível para a realidade e para a necessidade de São Paulo.
Então, o manifesto que está na internet vai ser reformulado?
Vai ser reformulado. Vamos utilizar a influência conquistada com esses meses de trabalho. A gente vai fazer algo oficial agora, que vai ser o Movimento Juventude Paulistana. Vai ter um site e tudo mais.
E qual o objetivo do Movimento Juventude Paulistana?
Levantar esse assunto, mas de forma coerente. A gente vai tentar fazer com que ele seja discutido com a sociedade. Se a sociedade não tiver interesse em discutir a migração, a gente não discute. A gente vive em um país democrático e tem que expressar nosso ponto de vista. Há outros milhares de paulistanos que apoiam nossa ideia. A gente vai tentar levantar isso com a sociedade.
Como?
Como o Greenpeace chama a atenção? Ele faz uma passeata com 100 mil pessoas ou faz um ato que atrai a mídia? O ato. É isso que a gente vai fazer.
Já há algo planejado?
Não posso dizer. A gente vai fazer alguma coisa na ponte estaiada. Uma faixa, uma mobilização que chame a atenção dos principais veículos de comunicação de São Paulo. Se os paulistas não tiverem interessados em debater, a gente não vai debater. Queremos, pelo menos, criar uma oportunidade. Existe uma comunidade de São Paulo no Orkut. E eu levantei o tema. Foi só par
a fazer uma pesquisa mesmo. Muita gente falou mal, veio apedrejando. Em cada 10 pessoas, dois apoiavam. Se em cada 10 paulistanos, dois apoiarem, a gente vai ter, numa cidade de 10 milhões, 2 milhões. E isso é muita gente. Então, queremos pegar esses jovens, essas pessoas que querem mudar São Paulo, mudar não, pelo menos, melhorar.
Na primeira etapa, vocês querem levantar a discussão sobre a migração, mas o que vem depois?
Depois disso, vamos planejar. Eu entrei agora. Eu decidi falar, porque eles são muito conservadores. Eu disse: “Não seria interessante se vocês falassem agora. Vamos mudar o discurso”. Da forma radical que eles estão criando, não vão conseguir apoio de ninguém.
A ideia é abrandar o discurso para conseguir adesão, não impactar tanto?
A gente está utilizando métodos de publicidade, de promoção e de marketing, estudo de teses de algumas pessoas, que a gente está elaborando, para poder montar o movimento. A gente quer fazer algo que conquiste o maior número de pessoas possível.Estamos conseguindo adesão de algumas pessoas com influência. A gente tem o presidente de um centro acadêmico de um curso na USP.
Qual curso?
Ele não me deu autorização para falar.
Mas vocês querem manter o anonimato?
Ele quer.
Não faz muito sentido. Se vocês querem dar visibilidade ao tema, soa incoerente.
Ele está representando a comunidade japonesa. É descendente. E tem outras pessoas que trabalham com ele. Eu, do Centro Acadêmico da UNIP, outros de outras instituições. Anhembi-Morumbi… A gente está pegando pessoal da UNINOVE também, da Barra Funda. É um movimento de universitários.
Quantas adesões vocês já tiveram. As pessoas que se agregaram através da internet se encontram?
Todos as mais de 600 adesões (assinaturas na petição virtual) foram muito comprometidas e decididas, se possível, a apoiar. As pessoas que assinaram realmente têm interesse em participar e sempre geram soluções e ideias para que a gente possa melhorar o nosso plano. A gente tem 600 jovens que, a qualquer momento, se estiverem disponíveis, vão participar. Tem uma menina que veio de Campos do Jordão para conhecer a gente. Ainda mais agora. A gente tem 100 pessoas na cidade de São Paulo, que assinaram o manifesto, que estão dispostas a conversar, a entrar na reunião. E temos mais 600 pessoas do movimento separatista.
Onde vocês pretendem chegar?
Nossa meta é que isso seja discutido na Assembleia Legislativa, na Câmara Municipal. A gente quer que seja implantada algum tipo de política que possa administrar isso (migração). Que fale: “vocês não têm qualificação, então, vão fazer um curso de qualificação e ser alocados para outras áreas do Estado que oferecem mais oportunidades. As pessoas que vivem em São Paulo e querem, mas não têm condições de voltar para a terra de onde fugiram… A cidade gerar essa oportunidade para elas. O pouco que a gente conquistar para uma cidade como São Paulo vai ser bastante.
“Para aliados, prioridade passou a ser garantir o 2º turno
O discurso oficial da campanha de José Serra equilibra-se sobre uma camada cada vez mais fina de otimismo.
Na superfície, diz-se que: 1) A disputa com Dilma Rousseff segue “equilibrada”; 2) O resultado da eleição é “questão aberta”.
Abaixo da linha d’água, alastra-se o desânimo. Entre a noite de quarta (4) e a tarde desta quinta (5), o blog ouviu nove aliados de Serra.
São todos congressistas –quatro do DEM e cinco do PSDB. Dada a delicadeza do tema, falaram sob reserva.
Espremendo-se o que disseram, verifica-se que houve uma troca de prioridade na coligação que dá suporte a Serra.
Antes, dizia-se que Serra, por experiente e qualificado, prevaleceria sobre Dilma a despeito do apoio de Lula a ela.
Agora, afirma-se que o essencial é evitar que a candidata do governo vença a eleição já no primeiro turno.
Nesta quinta, saiu mais uma pesquisa. Segundo o instituto Sensus, Dilma abriu vantagem de dez pontos sobre Serra: 41,6% a 31,6%.
Embora ajude a adensar a atmosfera de abatimento que envolve Serra, essa sondagem, a terceira a atribuir vantagem a Dilma, não é a causa do fenômeno.
Entre todos os institutos, o Sensus é o que a oposição leva menos a sério. De resto, a pesquisa carrega em seu miolo inconsistências. Versado nas artes da leitura de estatísticas, o repórter José Roberto Toledo iluminou as incongruências num texto disponível aqui.
O que frustra o time de Serra é o contorno geral do jogo. Uma partida em que as arquibancadas parecem hipnotizadas por Lula. Um dos interlocutores do repórter, deputado do DEM, eleito por um Estado nordestino, desenhou a cena:
“Entramos em campo com a bolsa de apostar integralmente a nosso favor. Serra chegou a ter algo como 30 pontos de vantagem sobre Lula. Ainda no vestiário da pré-campanha, Lula modificou o cenário…”
“…Transgredindo todas as regras do regulamento, levou Dilma aos calcanhares do Serra. Imaginávamos que chegar ao horário eleitoral com uma dianteira, ainda que modesta. Hoje, o segundo tempo foi antecipado para o primeiro…”
“…No melhor cenário, temos um empate. No pior, perdemos o jogo para uma adversária que não mereceria atuar nem em equipe de várzea”.
Outro personagem ouvido pelo blog, é senador tucano. Evita-se mencionar o Estado e até região em respeito ao pedido de anonimato. O senador coloriu o quadro:
“No meu Estado, a associação com o Serra tira votos. Falar mal do Lula virou sinônimo de suicídio eleitoral. À medida que Dilma vai sendo associada a ele, falar bem do Serra também não rende votos…”
“…Tenho uma preocupação que se sobrepõe às apreensões nacionais. Eu preciso me reeleger”.
Outro entrevistado, deputado nortista do DEM, emoldurou a pintura: “Ainda que quiséssemos, não temos como fazer a campanha do Serra. Não recebemos do comando nacional uma única peça de propaganda. Verbas, nem pensar…”
“…Na verdade, não fomos contemplados nem mesmo com a cortesia de um telefonema. Do comitê do Serra, ninguém ligou. O candidato não se dignou a visitar a minha região. A essa altura, torço para que não ponha os pés lá”.
As queixas quanto à desorganização da campanha tucana são generalizadas. A crítica ao estilo centralizador de Serra, uma unanimidade. Recordou-se que o candidato não reuniu uma mísera vez o conselho de campanha, composto pelos presidentes das legendas que o “apóiam”.
A menos de duas semanas do início do horário eleitoral, marcado para 17 de agosto, parece improvável que Serra consiga injetar ânimo em sua tropa.
Ao avocar para si a definição dos rumos de sua campanha, Serra converteu-se numa espécie de cavaleiro solitário. O evento êxito só depende dele. Confirmando-se o infortúnio, os “aliados” se desobrigrarão de dividir responsabilidades.”
MARK WEISBROT
O QUE JOSÉ SERRA está tentando fazer? Em sua campanha pela Presidência do Brasil, ele acusou a Bolívia de cumplicidade no tráfico de drogas e criticou Lula por tentar mediar a disputa entre Washington e o Irã, e por recusar (em companhia da maioria dos demais países sul-americanos) reconhecimento ao governo de Honduras, “eleito” sob uma ditadura.
Por algum tempo ele optou por não aderir à campanha internacional de Washington contra a Venezuela, mas agora Serra e seu candidato a vice, Indio da Costa, também adentraram aquele pútrido pântano, alegando que a Venezuela “abriga” as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), o principal grupo guerrilheiro que combate o governo da Colômbia.
Que conste: a despeito de uma década de alegações, Washington ainda não conseguiu apresentar publicamente um traço de prova de que o governo de Chávez de fato apoie as Farc.
A única “prova” de que existe em domínio público vem de laptops e outros equipamentos de computação supostamente capturados pelas Forças Armadas colombianas em sua incursão ao território do Equador em março de 2008.
Blogueiros de direita como Reinaldo Azevedo repetem o mito de mídia de que a Interpol teria confirmado a autenticidade desses arquivos supostamente capturados, mas um relatório da Interpol nega enfaticamente essa possibilidade. Tudo que temos é a palavra das Forças Armadas colombianas -organização que sabidamente assassinou centenas de adolescentes inocentes e os vestiu como guerrilheiros.
Será que Serra realmente deseja que o Brasil compre brigas com todos os seus vizinhos a fim de se colocar desafiadoramente do lado errado da história? E isso apenas para se tornar o maior aliado direitista de Washington? Sim, caso Serra não tenha percebido, os Estados Unidos, sob o governo Obama como sob o governo Bush, só têm governos de direita como aliados no hemisfério: Canadá, Panamá, Colômbia, Chile, México. Existe um motivo para isso: a política norte-americana com relação à América Latina não mudou sob Obama.
Mesmo de um ponto de vista puramente maquiavélico -deixando de lado qualquer ideia de fazer da região ou do mundo um lugar melhor-, a estratégia “Serra Palin” faz pouco sentido. O Brasil tinha boas relações com Bush e pode ter boas relações com Obama sem incorrer nessa espécie desonrosa de servidão.
O Brasil não é El Salvador, país cujo governo vive sob chantagem por ameaças de enviar de volta ao seu território os milhares de emigrantes salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos. E nem El Salvador tomou a estrada que Serra está percorrendo.
Não é apenas na Venezuela e na Bolívia que os Estados Unidos investem dezenas de milhões de dólares para adquirir influência política. Em 2005, como reportou este jornal, os Estados Unidos bancaram um esforço para mudar a lei brasileira de maneira a reforçar a oposição ao Partido dos Trabalhadores.
Washington tem grande interesse no resultado da eleição deste ano porque procura reverter as mudanças que tornaram a América Latina, no passado o “quintal” dos Estados Unidos, mais independente que nunca em sua história. José Serra está fazendo com que esse interesse cresça a cada dia.
TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI
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