*por FERNANDO RIZZOLO
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Por entre camelôs, numa calçada estreita, eu tentava caminhar em direção à avenida Dr. Arnaldo. Dia quente, desviava das pessoas como quem pratica um tipo de dança, num movimento de ombro com passos rápidos. O cheiro vindo dos bares na hora do almoço prenunciava que já devia ser por volta do meio-dia. No ponto de ônibus, o olhar das pessoas tinha algo de triste; gente pobre, balconistas, vendedoras, que num misto de amargura e resignação se enquadravam naquele cenário agitado, como atores a denunciar o desgaste do trabalho do dia a dia, as pressões do emprego, o medo da miséria, desses medos que sempre rondam as esperas dos ônibus dos trabalhadores como numa música pensante repetitiva.
Foi bem ali que ouvi alguém me chamar pelo nome, na subida da Teodoro Sampaio, já bem próximo do Hospital das Clínicas. “Dr. Fernando!” Olhei para trás e vi um rosto conhecido, familiar, porém bem envelhecido. Negro, cabelos brancos, malvestido, olhar hesitante, o homem me olhou e disse: “Sou o Roque. Lembra-se de mim? Trabalhei no sítio. Sou filho da Dona Geni, que foi cozinheira de vocês”. Meio constrangido, aproximei-me dele e pude constatar que se tratava mesmo do Roque. Estava ali encostado, ao lado de um bar, numa condição física e psicológica deplorável. Sim, era o Roque, amigo de infância, filho da caseira, que costumava andar a cavalo comigo, rir dos cachorros que nos seguiam e que sempre dizia que seria agrônomo ou veterinário.
Tentei conversar um pouco com ele, mas na mesma hora percebi o que o tempo, o abandono e a falta de oportunidade fizeram de um jovem que eu não via havia trinta anos. Logo após o falecimento da mãe, Roque desapareceu. Na época tinha 14 anos. Foi tentar a vida no Paraná, mas, como acontece com a maioria dos jovens pobres, nada deu certo em sua vida. Parou de estudar, foi trabalhar numa oficina, não tinha profissão definida, foi jogado no mercado de trabalho vivendo de serviços simples, de biscates que mal davam para se sustentar.
Roque entregou-se à bebida, perdeu a dignidade. E, na pobre condição de negro, deixou seus sonhos para trás – estava desempregado e literalmente bêbado. O impacto dessa desventura, desse desalento social, absorvi naquele momento, quando de repente o ouvi chamar meu nome. Foi ali, naquele instante, que percebi quanto é importante um jovem ser assistido, ter acesso à educação, à profissionalização, a um Bolsa Família que garanta à criança a educação básica, a real oportunidade de integrar os jovens aos programas de inclusão social, de protegê-los da desesperança e de promover a construção de seus sonhos através de programas como o ProUni, entre outros, levando-os até a universidade.
Na verdade, naquele momento, diante daquele cenário, eu tinha pouco a falar com Roque. Apenas lancei a ele um olhar como quem lamenta por seu caminho, ofereci-lhe ajuda e dei-lhe um cartão meu. Num gesto lento, ele estendeu a mão trêmula e disse: “Estou sempre aqui. As pessoas me ajudam”. Em seguida, numa voz embargada, completou a frase, perguntando-me com um sorriso triste: “E os cachorros que seguiam os cavalos, você se lembra?”. Meio desconcertado, balancei a cabeça afirmativamente e depois me despedi. Continuei meu caminho e por um instante me desconectei do tempo. Numa marcha acelerada, me dei conta de que os cachorros já haviam morrido, os cavalos tinham sido vendidos e o menino Roque, amigo de cavalgadas, não existia mais.
Foram três quarteirões até a Dr. Arnaldo, uma ladeira e tanto. Durante o trajeto, tentei desviar das pessoas o tempo todo, mas o destino me fez trombar com meu passado, jogando-me na cara aquilo que sempre me indignou: ver jovens com sonhos apagados e talentos esquecidos, jogados numa esquina qualquer, perto de um bar, longe da esperança de uma vida justa, digna e cidadã.
FERNANDO RIZZOLO é Advogado e editor do Blog do Rizzolo –
*por FERNANDO RIZZOLO
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Não sei realmente por que, mas naquele dia, caminhando por aquele bosque que mais parecia uma floresta de pínus, fixei os olhos nos meus pés. A terra um pouco umedecida e o ar frio que soprava não me intimidavam, ainda que o sono quisesse me levar de volta à minha casa.
Sempre gostei das florestas, das matas, dos bichos que vivem daquilo, e todas as vezes que estou envolto às árvores, mantendo meu ritmo de caminhada, onde ouço apenas meus passos e os pássaros, penso em Baruch Spinoza (1632-1677), um filósofo do século XVII. Nascido em uma família judaico-portuguesa, seus familiares vinham, havia algum tempo, fugindo da Inquisição. Filho de um rico comerciante, viria a se tornar, posteriormente, um dos maiores pensadores racionalistas dentro da chamada filosofia moderna. Spinoza acreditava que Deus era a engrenagem que movia o Universo, e que os textos bíblicos nada mais eram que símbolos que dispensam qualquer abordagem racional.
Contudo, o mais interessante em Spinoza era sua visão una de natureza e Deus – a natureza como um reflexo da expressão divina. Por certo, com base nesse ponto de vista, podemos, sim, nos conectar com Deus quando estamos em sintonia com a natureza. Não há por que negar que não existem diversas maneiras de orar; pensar nas questões ambientais, na luta pela sua preservação também é uma forma de oração. Caminhar pela manhã sentindo o orvalho no rosto e o cheiro das folhas de eucalipto é mais do que exercitar os passos firmes em direção ao alto da montanha – é reaver o conceito panteísta de que Deus é naturante e a natureza, naturata (gerada).
Ainda me lembro de quando sobrevoava a Amazônia vindo de um Congresso de empresários na Venezuela dois anos atrás. A imensidão do verde me fez pensar em todas as formas de vida que ali habitavam; era como se eu avistasse de cima a expressão divina da criação. A preocupação com a preservação da Amazônia é uma constante em todos nós, e tudo o que lá habita pertence a nós brasileiros. Por consequência, deve existir um nexo causal, de cunho filosófico-espiritual, entre Deus e a obrigação cívica do nosso povo em tutelar aquela área.
Por isso o governo deve encaminhar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para deixar claro que os investidores podem investir em qualquer campo, mas não em terras. Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), estima-se que a área total do território brasileiro sob propriedade estrangeira chegue a 4,037 milhões de hectares e cresce cotidianamente; além disso, é relevante notar que o levantamento do Instituto não inclui propriedades de empresas supostamente nacionais que, na verdade, são controladas de modo direto ou indireto por capitalistas de outros países.
Sempre que caminho nas minhas manhãs penso na grandiosidade divina e em nossa responsabilidade ambiental como brasileiros. Imagino a expressão de gratidão daqueles seres da floresta, à imagem divina, que nada possuem em sua defesa a não ser enxergarmos a natureza como a via Spinoza. Caminhar pelos campos verdes, na luta contra a destruição das florestas, é sair em defesa contra as serras afiadas do lucro que rasgam a face verde de Deus e lutar contra os que jamais caminharam na mata sentindo o orvalho no rosto ou souberam que natureza e Deus nada mais são que uma mesma oração.
FERNANDO RIZZOLO é Advogado e editor do Blog do Rizzolo –
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Todos os grandes projetos acabam se constituindo imensos desafios à sociedade. Foi assim com o fornecimento da água e da luz elétrica, este último datando de 1879. Sua primeira utilização no Brasil foi na estação Central (atual Central do Brasil) da estrada de ferro D. Pedro II, no Rio de Janeiro. Agora, temos diante de nós talvez o maior desafio da pós-modernidade: levar a inclusão digital às camadas mais pobres da população brasileira. Ao contrário dos projetos de visam apenas proporcionar condições de vida melhor e dignidade, o viés digital transporta e irriga o direito à cultura, à informação, à socialização, permeando as comunidades carentes com instrumentos de cidadania e mobilização.
Não há como falar em cultura, ou em direito à informação, se deixarmos de lado o poderoso e já indispensável papel da internet no desenvolvimento intelectual dos jovens e da população em geral. Para tanto, medidas de democratização do uso da internet têm sido tomadas por parte dos Estados, apesar de a operacionalidade técnica em nível federal ainda não estar totalmente concluída. O papel do Estado como provedor e difusor da cultura nos remete à sua responsabilidade na implementação das ações técnicas do uso da internet, viabilizando o uso da banda larga aos grandes centros carentes.
Com base nisso, em dezembro de 2009, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, lançou, em parceria com as prefeituras de mais seis cidades, o projeto Baixada Digital, cujo objetivo é beneficiar cerca de 1,7 milhão de pessoas. Anunciado como “um dos maiores programas de inclusão digital do mundo”, o projeto prevê em sua primeira etapa a cobertura de 100% do município de São João de Meriti, 60% de Duque de Caxias e Belford Roxo e 20% dos municípios de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis. Contudo, a implantação de projetos dessa magnitude, não só no Estado do Rio de Janeiro, mas também nos demais, exige uma planificação cuidadosa, uma vez que a propagação dos sinais deve ser estável em todas as regiões envolvidas.
Do ponto de vista técnico, várias são as opções em levar o sinal, de forma abrangente, a todas as localidades do país; porém, é compreensível que alguns fatores, como a lentidão na implementação dos projetos, cause certo atraso no objetivo final. No entanto, o essencial é que o Poder Público se aproprie da tarefa de se fazer o ator principal na condução e execução desses programas, até porque existe uma estrita relação entre difusão cultural e instrumentos digitais, e isso é papel do Estado.
Na contramão dos investimentos primordiais do Estado no que se refere à cultura, em São Paulo a política adotada é diametralmente oposta à do Rio de Janeiro. Na mais rica unidade da federação, o governo decidiu não investir diretamente na criação de infraestrutura para prover o acesso gratuito à banda larga, mas baseou seu projeto de inclusão digital – batizado de Banda Larga Popular – na isenção fiscal às operadoras privadas. Desse modo, o governo de São Paulo eximiu-se do papel fundamental do Estado na promoção da banda larga, deixando-se valer dos argumentos privados para legitimar a inviabilidade do projeto. Segundo informações, a concessionária de telefonia fixa, que também oferece acesso à banda larga, diz que o valor estabelecido pelo programa só pode ser oferecido a usuário que já tenha ou queira ter linha fixa da operadora.
Quer do ponto de vista técnico, da informação, da cultura ou até da segurança nacional, a disseminação da banda larga popular deve ter como premissa principal a correlação causal entre informação e cultura, que sempre foi protagonizada pelo papel obrigatório do Estado. Políticas públicas de grande envergadura, destinadas à imensa população pobre, que possuem viés tecnológico, jamais devem ser delegadas a empresas privadas. Internet e banda larga significam condutores de cidadania, algo deveras importante para ser tutelado por terceiros, sem o lastro do compromisso técnico-social.
FERNANDO RIZZOLO é Advogado e editor do Blog do Rizzolo –
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Um dos maiores problemas circunstanciais de qualquer crise financeira é a falta de perspectiva geral no que diz respeito à oportunidade de emprego. Essa situação agrava-se em demasia quando determinada faixa populacional é mais diretamente atingida, como os jovens. É de se analisar que as políticas de empregabilidade nos países ricos sempre estiveram nas pautas sociais, e houve, no decorrer da história, um elenco de lutas nesse sentido.
Contudo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), composta de economias de alta renda, com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – ou seja, elencada por países desenvolvidos –, alerta para o agravamento do desemprego juvenil. Num documento recém-divulgado, a OCDE constata que, se os jovens já eram vulneráveis antes da crise e foram suas primeiras vítimas, o futuro não vislumbra nada de bom, uma vez que, de acordo com a Organização, a situação continuará a deteriorar-se por vários anos.
No estudo, observa-se que quatro milhões de jovens engrossaram as fileiras do desemprego durante a crise, elevando este índice para 18,8% em 2009, mais do dobro da taxa média de 8,6% para o conjunto da população. Enquanto o desemprego geral aumentou 2,5 pontos percentuais, o juvenil agravou-se 5,9 pontos.
É sobre esses dados que podemos fazer uma reflexão crítica sobre os efeitos das crises financeiras nos países ricos, onde a participação do Estado como regulador desse segmento foi quase nula ou omissa. No caso de países em desenvolvimento como o Brasil, onde houve uma política mais realista e mais intervencionista do ponto de vista regulador do Estado, a crise e o desemprego em geral, em especial no tocante aos jovens, não foram tão significativos.
De qualquer modo, o grande desafio tanto dos países ricos quanto daqueles em desenvolvimento é traçar políticas claras e específicas para a criação de novos empregos, com vistas à população jovem, criando possibilidades e incentivos no encaminhamento das políticas de formação de mão de obra, na geração do primeiro emprego, na educação de base e, acima de tudo, na preservação da dignidade e esperança do jovem de se sentir integrado no mercado de trabalho. Sem isso, com certeza lançaremos os jovens do nosso país ao ostracismo da desilusão, ao abraço perdido do narcotráfico e ao desalento patriótico da desesperança e engrossaremos o universo da já profetizada “geração perdida”.
Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo –
A troca de acusações de fabricação de boatos na campanha à Presidência da República ganhou novo capítulo nesta semana. Depois de Indio da Costa (DEM), vice na chapa de José Serra (PSDB), disparar acusações contra o PT, que motivaram ações judiciais, os aliados de Dilma Rousseff tentam qualificar seus adversários como “raivosos”.
A própria candidata do PT, em visita a Natal (RN), na quarta-feira (28), reclamou da “oposição raivosa” sofrida pelo governo Lula. “Eles (partidos de oposição) mentem ao querer passar por aquilo que não são. Foram a oposição mais dura, mais perversa e mais amarga ao governo do presidente Lula”, discursou no Rio Grande do Norte.
Leia na .
Do
Diferentemente dos debates feitos na TV e retransmitidos para a web, o projeto Debate On-Line 2010 será transmitido ao vivo simultaneamente pelos quatro portais.
Marcado para o dia 31 de agosto, em São Paulo, o debate vai oferecer interação com os usuários pelo Twitter .
Os envolvidos trabalham para definir conjuntamente o formato final do debate. Juntas, as quatro empresas atingem 94% dos usuários de internet do país.
Do
José Serra clona suas próprias declarações…. Veja o que ele disse hoje em entrevista à RádioVerdes Mares, em Fortaleza:
“Não tem nenhuma obra grande, pronta, entregue no Ceará que não tenha a mão do Tasso (Jereissati, senador tucano)”. Agora, relembre o que ele falou sobre o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) na semana passada em entrevista à Rádio Jornal, aqui no Recife:
“Tudo que tem sido feito em Pernambuco nos últimos anos tem a marca de Jarbas”. Hummm… Será que toda vez que ele chegar a um novo estado atribuirá aos aliados a autoria de todas as obras locais? O que virá depois de ‘marca’ (Jarbas) e ‘mão’ (Jereissati)? Aqui vão alguns substantivos como sugestões: ‘digitais’, ‘assinatura’, ‘autoria’, ‘paternidade’ e por aí vai. Do
Serei Candidato à Presidência de MAQUETÓPOLIS e conto com vocês: bonequinhos de louça, de pano, de plástico, de barro… Não importa. Serei presidente de todos, porque não tenho o ranço da discriminação. Notem que estou incluindo até os bonecos de barro do Nordeste. Garanto-lhes casinhas de brinquedo, carrinhos movidos a controle remoto. Vocês não se arrependerão de minhas promessas, pois o nosso governo será sério. Aprofundarão a leitura com o jornal de papel Folha de São Paulo e verão um mundo fantasioso nas páginas da revista VEJA. Abaixo uma visão do que está por vir…
Com um projeto de governo desse, certamente os bonequinhos o elegerão no primeiro turno.
Do Blog
De Lula para Serra: “Eu quero é você! O FHC já tá morto nas paradas!”
Por Diafonso (Editor-geral do Terra Brasilis)
José Nêumanne Pinto – jornalista, comentarista a serviço do PIG, escrachador nato e dublê de poeta e romancista – não deixou de demonstrar hoje, no Jornal do SBT Manhã, incontida irritação com as trapalhadas dos demo-tucanos no que diz respeito à eleição presidencial de 2010.
Inicialmente, afirmou que LULA rezava dia e noite, pedindo “a Deus do Céu, nosso Senhor” (que desfaçatez, sr. Nêumane!) para que Dilma deslanchasse. Em seguida, expôs aquilo que seria, na sua ótica, a resposta positiva de Deus a LULA: o chamamento tresloucado de FHC para um duelo plebiscitário (GOVERNO FHC X GOVERNO LULA).
Essa bravata FHCniana tirou o nobre jornalista do sério. Como é que ele, assecla do PIG, trabalhando diuturnamente para a eleição de José Serra, vê, não mais que de repente, o destrambelhado Farol de Alexandria melar tudo? “Assim não dá, assim não pode…” – deve ter pensado o Nêumanne, usando um famoso jargão humorístico atribuído às queixas de FHC com aquilo que viesse a lhe desagradar.
A imagem pachorrenta do José Nêumanne Pinto continua na tela e, depois de cerrar os olhos meio que dementes por trás dos óculos, ele discorre sobre o papel dos VICES, enumerando-os e atribuindo-lhes performances:
GOVERNO REBATE EM BLOCO CRÍTICAS DE FHC
Do Blog
A editoria do Terra Brasilis, por fim, informa que os artigos assinados por ela estão mantidos. Uma vírgula do que tiver sido escrito não será abolida. Venha para o debate, sr. Aluizio Amorim! Escolha suas armas mentirosas… Estou esperando.
PALAVRA DO EDITOR GERAL DO BLOG DA DILMA:
O Professor e editor Diafonso continuará com toda liberdade de debater no Blog da Dilma, qualquer assunto pertinente a política. Não temos medo de ameaças de pilantras e não somos covardes para fugir de uma briga democrática. Essa corja só faz repetir as mentiras propagadass pela Máfia da Mídia Brasileira, que não respeita a liberdade de imprensa e o leitor.
Professor Diafonso, você é um bravo. Nosso apoio irrestrito.
GUARDA-CHUVA
O papel dos bancos públicos na crise, suprindo a necessidade de crédito, e a ampliação dos investimentos das estatais são outros temas abrigados no guarda-chuva do “novo desenvolvimentismo” petista. Pelos cálculos da equipe econômica, as estatais federais fecharão o ano de 2009 com um investimento de 2% do PIB, o dobro do realizado pela União.
“No mercado global não tem mais esse negócio de ficar esperando que o trem vai passar, que eu vou pegar o trem”, disse Lula em jantar oferecido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação (Apex) a empresários, na última segunda-feira, no Rio. “Nós temos de correr atrás, porque a competitividade, depois da crise, vai aumentar.”
Foi também nesse jantar que Lula deu seu recado: ninguém precisa temer um Estado forte. “O Estado não pode ser é intruso, é diferente. Não pode querer ser o Estado gestor, mas ele tem de ser o indutor e o fiscalizador de muitas coisas. A crise mostrou isso”, insistiu o presidente. Para Dilma, a tese do Estado mínimo faliu e só os “tupiniquins” a aplicam. Detalhe: Serra é da mesma escola desenvolvimentista de Dilma, mas permanece apegado à corrente que prega o investimento puro.
BRASIL 2022
Lula pediu ao chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, que apresse o plano Brasil 2022 e entregue em março o calhamaço com perspectivas de 12 anos. O programa de Dilma é coordenado pelo assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, mas o plano sob a batuta de Guimarães também servirá como peça de campanha.
Com essa radiografia em mãos, a equipe de Dilma quer descobrir qual é a economia do futuro e onde o PT apostará suas fichas. “Ainda temos de ruminar muito sobre isso”, afirmou a ministra, em conversa reservada. Sua plataforma terá como ingrediente as “vocações regionais”, que serão incorporadas à estratégia do desenvolvimento sustentável. O PT vai dar destaque a políticas para a Amazônia e o Nordeste.
Na prática, a volta da retórica à esquerda na seara do petismo é reflexo da vitória, dentro do governo, do grupo desenvolvimentista, que no primeiro mandato de Lula travou forte queda de braço com os monetaristas. “Nós interrompemos a visão neoliberal do Estado mínimo e recuperamos não só os bancos públicos, como estatais do porte da Petrobrás”, argumentou o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), integrante da comissão escalada pelo partido para preparar o programa de Dilma. “Estamos, sim, construindo um novo desenvolvimentismo.”
Para o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a campanha petista mostrará que o Brasil pode ser a quinta economia do mundo. “Depois de resolver o impasse macroeconômico e estabelecer o paradigma de que é possível distribuir renda crescendo, queremos dar um salto”, disse Berzoini. A nova palavra de ordem do PT é gestão. Mas sem o “choque” proposto pelos tucanos.
FRASES
Luiz Inácio Lula da Silva – Presidente
“Nós temos de correr atrás, porque a competitividade, depois da crise, vai aumentar”
“O Estado não pode ser é intruso, é diferente. Não pode querer ser o Estado gestor, mas ele tem de ser o indutor e o fiscalizador de muitas coisas. A crise mostrou isso”
Aloizio Mercadante – Senador (PT-SP)
“Nós interrompemos a visão neoliberal do Estado mínimo e recuperamos não só os bancos públicos, como estatais do porte da Petrobrás. Estamos, sim, construindo um novo desenvolvimentismo”
Ricardo Berzoini – Presidente do PT
“Depois de resolver o impasse macroeconômico e estabelecer o paradigma de que é possível distribuir renda crescendo, queremos dar um salto”
Dilma Rousseff, que estava no palanque ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a parafrasear o líder sertanejo Antonio Conselheiro ao defender o principal programa de infraestrutura do governo no Nordeste. Pouco antes, o cantador Antonio Marinho havia citado o chefe do arraial de Canudos destruído pelo exército no sertão baiano, em 1897.
Alguns dias antes, uma nova conversa com o presidente licenciado do PMDB, deputado Michel Temer, dará continuidade às negociações para a aliança do partido com o PT em favor da candidatura de Dilma. Temer disse ontem que a reunião com Lula ocorrerá em duas semanas.
Faltando um ano para as eleições, o PT começou a estruturar a campanha de Dilma Roussef à presidência. Durante algum tempo, o presidente Lula defendeu o nome de Antonio Palocci para a coordenação do programa de governo de Dilma Roussef. Mas a escolha recaiu sobre Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República. Ele terá como secretário-executivo o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, a quem caberá o papel de coordenar reuniões setoriais no partido com vistas à elaboração do programa.
A bancada doPT indicou os deputados José Abicalil, Pepe Vargas e Virgílio Guimarães para a equipe do programa de governo; e João Paulo e José Mentor para integrarem o Grupo de Trabalho Eleitoral. Antonio Palocci, por enquanto, é indicado para o GTE em nome da Executiva do PT. Se ele for candidato ao governo de São Paulo terá de se afastar da atividade. Os atuais integrantes da Executiva Nacional também integram o Grupo de Trabalho Eleitoral da campanha de Dilma. Do blog da Cristiana Lobo
Ao lado da ministra, o presidente licenciado do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) disseram que a candidata única deve ser Dilma. Em busca de apoio, ela fez afagos no partido a que era filiada antes de entrar no governo. Chegou a defender o debate sobre a jornada de 40 horas semanais, uma bandeira dos pedetistas.
Na entrevista, Dilma foi cuidadosa ao não se colocar como possível candidata única. Concordou, no entanto, com a avaliação de Lupi de que a disputa pela Presidência precisa ser um plebiscito sobre o desempenho do governo Lula. “Acho que é muito importante para o governo do presidente Lula ter continuidade, seja quem for o candidato”, disse. “É um projeto que foi muito importante para o Brasil. O Brasil de 2010 é muito diferente do Brasil de 2003.” Segundo ela, Lula estabilizou a economia e tirou mais de 30 milhões de pessoas da pobreza. “O Brasil não pode voltar atrás, por isso acho que o governo tem de fazer o sucessor.”
Ao defender a política de alianças do governo, a ministra disse que partidos como o PDT são aliados importantes no processo eleitoral do próximo ano. “Sem sombra de dúvidas, o governo espera que, seja quem for o candidato à Presidência, a base siga tendo uma unidade nessa disputa de 2010.” Ela contou que recebeu de Paulinho uma camiseta com o slogan da campanha pela jornada de 40 horas semanais. A uma pergunta se vai propor, caso seja eleita, essa jornada, a ministra disse que todas as forças políticas precisam discutir o assunto.
“Consideramos que essa questão deve ser discutida”, disse. “Vou ser cuidadosa porque estou falando em nome do governo.” Lupi fez elogios a Dilma e deixou claro que a ideia de setores do partido de exigir a vaga de vice na chapa da ministra já foi deixada de lado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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